Como a guerra entre Israel e Irã afeta a agricultura
- Agrológica Projetos e Consultoria
- 17 de jun.
- 4 min de leitura
Por: Stefano Sebastian Cardoso dos Santos
O recente conflito entre Irã e Israel, com ataques a instalações estratégicas e contra-ataques constantes, tem levado a uma escalada de tensões regionais, mas você sabia que isso pode ter impacto direto na agricultura, inclusive no Brasil ?

Alta no preço da ureia
O Irã é um dos maiores produtores mundiais de ureia, fertilizante à base de nitrogênio, usado em larga escala para adubar culturas como milho. Em 2024, foram produzidas cerca de 9 milhões de toneladas, sendo que 1,6 milhão delas foram exportadas para o Brasil.
Desde o início dos ataques, o preço da ureia subiu consideravelmente. Em 12 de junho, o mercado estava estável, aguardando resultados de leilões. No dia seguinte, 13 de junho, a cotação do fertilizante chegou a US$ 430/ton, cerca de 2,66% a mais que o dia anterior, alcançando US$ 395/ton.
Esse aumento, embora pareça pequeno, representa impacto direto nos custos de produção agrícola, especialmente em culturas de segunda safra, com maior uso de nitrogenados, como milho e cana.
O movimento é preocupante para o Brasil, que importa 100% da ureia utilizada na agricultura. Isso porque a alta do insumo pode significar aumento dos custos de produção para os agricultores.
Para os agricultores brasileiros que ainda não adquiriram o adubo nitrogenado para a próxima safra 2025/26, o cenário é desfavorável, avalia a consultoria StoneX. Este é um período estratégico de planejamento de compras de insumos para o plantio da safra de verão, que começa em setembro, e também para a antecipações de aquisição de fertilizantes para a safrinha de milho do próximo ciclo.
Riscos para o milho

Outro setor que começou a chamar a atenção dos especialistas devido ao conflito é o de milho, visto que o Irã se destaca como o principal comprador do produto brasileiro. A análise preliminar indica que as vendas do Brasil não devem ser afetadas, ao menos enquanto os portos do Irã continuarem operando.
O Brasil exportou 4,3 milhões de toneladas para o Irã em 2024, contra 3,2 milhões de toneladas em 2023, de acordo com dados do Agrostat, plataforma do Ministério da Agricultura. De janeiro a maio deste ano, os embarques de milho ao país somaram 2,19 milhões de toneladas, bem acima das 869,5 mil toneladas de igual período de 2024.
Elevação do preço do petróleo e do frete
O Irã está localizado em um ponto estratégico do Golfo Persa. O país controla o Estreito de Ormuz, essencial para o comércio da região. É por lá que entram os produtos importados pela Arábia Saudita. Uma quantidade significativa de exportações do Brasil também transita pelo Estreito de Ormuz: os pecuaristas brasileiros tem nessa área um mercado fundamental — principalmente na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Entretanto, a relevância de Ormuz para a economia mundial está principalmente relacionada aos combustíveis fósseis. Cerca de 25% do petróleo negociado globalmente transita por Ormuz. Este volume abrange o petróleo produzido no Irã, além de também incluir a extração de outros quatro grandes países exportadores: Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Iraque.
O preço do barril de petróleo subiu 7,26% apenas no dia 13 de junho, com alta acumulada de 12,3% desde o início da escalada.
No Brasil, esse movimento se reflete em:
Custo do diesel e frete mais alto, já que 65% do transporte de cargas depende de caminhões, impactando diretamente no preço dos alimentos no supermercado.
Pressão inflacionária sobre os custos de insumos e fretes, o que pode manter a taxa de juros mas alta por mais tempo .
Desvalorização do real frente ao dólar, aumentando os custos de importação de fertilizantes.
Riscos logísticos e cadeias de exportações
Atualmente, o Brasil ocupa a posição de segundo maior exportador mundial de produtos agrícolas para Israel, Egito, Arábia Saudita e Irã. A União Europeia está à frente nas importações desses nações, representando 23% do total. O Brasil aparece em segundo lugar, participando com 9% desse comércio. A commodity mais demandada pela região é o milho, produto no qual o Brasil tem a liderança global em embarques.
Eventuais bloqueios de comércio envolvendo países como Irã, Arábia Saudita, Egito e Líbano poderiam gerar um choque significativo no fornecimento brasileiro, já que os países que circundam o conflito importaram US$ 10,2 bilhões em produtos do agronegócio brasileiro em 2022, o equivalente a 6% das exportações do setor em valor. Esses cinco países responderam por metade das exportações totais do agro brasileiro para países islâmicos do Oriente Médio e Norte da África (MENA, em inglês), que atingiram US$ 20,1 bilhões em 2022.

Conclusão
Embora o conflito entre Irã e Israel pareça distante em questão de distância, seus efeitos reverberam até o agro brasileiro, com alta nos fertilizantes, frete mais caro, moeda volátil e riscos logísticos. Em um cenário tão dinâmico, é fundamental que o produtor invista em planejamento estratégico e tecnologia.
E é aí que a Agrológica pode te ajudar. Com expertise em planejamento agrícola e economia rural, oferecemos soluções práticas para tornar sua produção mais eficiente, resiliente e preparada para enfrentar os desafios do mercado. Entre em contato conosco e faça seu diagnóstico gratuito !
Комментарии