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A concentração da produção de commodities no Brasil

Por: Stefano Sebastian Cardoso dos Santos


Análise da Embrapa indica que a concentração é maior nos casos de algodão, laranja, café, eucalipto, milho, soja, suínos e aves.

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O Brasil é uma potência global na produção e exportação de commodities agrícolas, liderando em produtos como soja, milho, café, algodão, carne e laranja. Porém, essa força vem acompanhada de um fenômeno que molda o mapa do agronegócio nacional: a concentração produtiva.

Segundo uma análise recente da Embrapa Territorial, grande parte da produção brasileira está concentrada em poucas microrregiões, especialmente nos casos de algodão, laranja, café, eucalipto, milho, soja, suínos e aves. Essa distribuição desigual afeta diretamente a logística, o uso da terra e o planejamento agrícola, exigindo estratégias cada vez mais precisas e sustentáveis para garantir competitividade no campo.


Onde estão as principais concentrações ?


  • Laranja: fortemente centralizada no estado de São Paulo, com destaque para as microrregiões de Avaré, Bauru, Botucatu e São João da Boa Vista, responsáveis por 25% da colheita nacional em 2023.

  • Algodão: metade da produção está em apenas três microrregiões: Parecis, Alto Teles Pires (MT) e Barreiras (BA).

  • Café: Minas Gerais lidera, mas com polos relevantes também na Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rondônia.

  • Milho e soja: ainda que amplamente cultivados, 25% do milho veio de apenas quatro regiões (Alto Teles Pires, Dourados, Sinop e Sudoeste de Goiás).

  • Produção animal: a bovinocultura é a atividade menos concentrada, distribuída em mais de 50 microrregiões em todo o país, com destaque para Pará, Rondônia e Tocantins. Já frangos e suínos estão fortemente concentrados no Sul, em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul.


Impactos logísticos e econômicos


Essa concentração geográfica impacta toda a cadeia logística e exportadora do agro brasileiro. Com polos produtivos distantes dos portos e centros consumidores, há disputa por modais de transporte, aumento dos custos de escoamento e desafios na armazenagem e no planejamento territorial.

No caso de produtos como café e laranja, a exportação ocorre majoritariamente pelo Porto de Santos (SP), enquanto grãos como soja e milho são escoados por rotas diversas, disputando infraestrutura com outras cadeias produtivas.


De acordo com a Embrapa, as causas dessas concentrações estão ligadas a:

  • Condições edafoclimáticas (solo, temperatura, chuva e altitude);

  • Disponibilidade de infraestrutura e tecnologia agrícola;

  • História e cultura produtiva de cada região;

  • Exigências de investimento em maquinário e beneficiamento, especialmente em culturas como algodão e eucalipto.


Culturas como o algodão demandam maquinário, estruturas de processamento e beneficiamento muito específicas e com alto custo. Segundo a análise de André Rodrigo Farias, da Embrapa Territorial, isso restringe a produção aos locais mais competitivos, exigindo investimentos de longo prazo. O mesmo ocorre com culturas perenes como café e eucalipto, que além de serem duradouras, requerem condições edafoclimáticas (solo e clima) muito específicas.

Em cadeias de produção animal, a criação de frangos e suínos está predominantemente localizada na Região Sul (principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Essa concentração está fortemente ligada à história de colonização e à estrutura fundiária de agricultura familiar na região. O conhecimento acumulado e o sucesso do modelo de cooperativas impulsionam a atividade.

No caso dos grãos soja e milho, embora estejam presentes em quase todos os estados, a produção de volume está concentrada na área central do país. Isso se deve, em parte, ao compartilhamento de áreas, estruturas de transporte e armazenagem.

Esses fatores fazem com que algumas regiões se tornem polos altamente especializados, enquanto outras diversificam sua produção de forma mais equilibrada.


Conclusão

Diante desse cenário, o planejamento agrícola e o uso de tecnologias de precisão tornam-se ferramentas essenciais para o produtor e para a competitividade do agronegócio.

Por meio de serviços como mapeamento do solo podemos fazer uma análise física e química detalhada para identificar áreas de alta e baixa produtividade, compactação e deficiência nutricional, possibilitando aplicações à taxa variável e melhor aproveitamento dos recursos.

Além disso, o monitoramento das culturas por drones e sensoriamento remoto possibilita o acompanhamento da saúde das plantas e identificação precoce de problemas que podem afetar a produtividade.

Essas soluções permitem reduzir riscos, otimizar o uso de insumos e garantir maior eficiência produtiva mesmo em regiões altamente concentradas, sendo um diferencial essencial para enfrentar os desafios logísticos e climáticos que o setor enfrenta.


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Referências

WALENDORFF, R. Produção de commodities no Brasil é concentrada e desafia logística. Disponível em: <https://globorural.globo.com/especiais/caminhos-da-safra/noticia/2025/09/producao-de-commodities-no-brasil-e-concentrada-e-desafia-logistica.ghtml>. Acesso em: 8 out. 2025.

 
 
 

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