A concentração da produção de commodities no Brasil
- Agrológica Projetos e Consultoria
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Por: Stefano Sebastian Cardoso dos Santos
Análise da Embrapa indica que a concentração é maior nos casos de algodão, laranja, café, eucalipto, milho, soja, suínos e aves.

O Brasil é uma potência global na produção e exportação de commodities agrícolas, liderando em produtos como soja, milho, café, algodão, carne e laranja. Porém, essa força vem acompanhada de um fenômeno que molda o mapa do agronegócio nacional: a concentração produtiva.
Segundo uma análise recente da Embrapa Territorial, grande parte da produção brasileira está concentrada em poucas microrregiões, especialmente nos casos de algodão, laranja, café, eucalipto, milho, soja, suínos e aves. Essa distribuição desigual afeta diretamente a logística, o uso da terra e o planejamento agrícola, exigindo estratégias cada vez mais precisas e sustentáveis para garantir competitividade no campo.
Onde estão as principais concentrações ?
Laranja: fortemente centralizada no estado de São Paulo, com destaque para as microrregiões de Avaré, Bauru, Botucatu e São João da Boa Vista, responsáveis por 25% da colheita nacional em 2023.
Algodão: metade da produção está em apenas três microrregiões: Parecis, Alto Teles Pires (MT) e Barreiras (BA).
Café: Minas Gerais lidera, mas com polos relevantes também na Bahia, Espírito Santo, São Paulo e Rondônia.
Milho e soja: ainda que amplamente cultivados, 25% do milho veio de apenas quatro regiões (Alto Teles Pires, Dourados, Sinop e Sudoeste de Goiás).
Produção animal: a bovinocultura é a atividade menos concentrada, distribuída em mais de 50 microrregiões em todo o país, com destaque para Pará, Rondônia e Tocantins. Já frangos e suínos estão fortemente concentrados no Sul, em estados como Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Impactos logísticos e econômicos
Essa concentração geográfica impacta toda a cadeia logística e exportadora do agro brasileiro. Com polos produtivos distantes dos portos e centros consumidores, há disputa por modais de transporte, aumento dos custos de escoamento e desafios na armazenagem e no planejamento territorial.
No caso de produtos como café e laranja, a exportação ocorre majoritariamente pelo Porto de Santos (SP), enquanto grãos como soja e milho são escoados por rotas diversas, disputando infraestrutura com outras cadeias produtivas.
De acordo com a Embrapa, as causas dessas concentrações estão ligadas a:
Condições edafoclimáticas (solo, temperatura, chuva e altitude);
Disponibilidade de infraestrutura e tecnologia agrícola;
História e cultura produtiva de cada região;
Exigências de investimento em maquinário e beneficiamento, especialmente em culturas como algodão e eucalipto.
Culturas como o algodão demandam maquinário, estruturas de processamento e beneficiamento muito específicas e com alto custo. Segundo a análise de André Rodrigo Farias, da Embrapa Territorial, isso restringe a produção aos locais mais competitivos, exigindo investimentos de longo prazo. O mesmo ocorre com culturas perenes como café e eucalipto, que além de serem duradouras, requerem condições edafoclimáticas (solo e clima) muito específicas.
Em cadeias de produção animal, a criação de frangos e suínos está predominantemente localizada na Região Sul (principalmente Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Essa concentração está fortemente ligada à história de colonização e à estrutura fundiária de agricultura familiar na região. O conhecimento acumulado e o sucesso do modelo de cooperativas impulsionam a atividade.
No caso dos grãos soja e milho, embora estejam presentes em quase todos os estados, a produção de volume está concentrada na área central do país. Isso se deve, em parte, ao compartilhamento de áreas, estruturas de transporte e armazenagem.
Esses fatores fazem com que algumas regiões se tornem polos altamente especializados, enquanto outras diversificam sua produção de forma mais equilibrada.
Conclusão
Diante desse cenário, o planejamento agrícola e o uso de tecnologias de precisão tornam-se ferramentas essenciais para o produtor e para a competitividade do agronegócio.
Por meio de serviços como mapeamento do solo podemos fazer uma análise física e química detalhada para identificar áreas de alta e baixa produtividade, compactação e deficiência nutricional, possibilitando aplicações à taxa variável e melhor aproveitamento dos recursos.
Além disso, o monitoramento das culturas por drones e sensoriamento remoto possibilita o acompanhamento da saúde das plantas e identificação precoce de problemas que podem afetar a produtividade.
Essas soluções permitem reduzir riscos, otimizar o uso de insumos e garantir maior eficiência produtiva mesmo em regiões altamente concentradas, sendo um diferencial essencial para enfrentar os desafios logísticos e climáticos que o setor enfrenta.
Quer entender mais sobre o mundo do agro e sobre nossos serviços de forma inovadora e conectada ? Entre em contato conosco ! Acompanhe o blog da Agrológica e siga nosso Instagram @ejagrologica para mais curiosidades, dicas e informações sobre tudo o que move o campo.
Referências
WALENDORFF, R. Produção de commodities no Brasil é concentrada e desafia logística. Disponível em: <https://globorural.globo.com/especiais/caminhos-da-safra/noticia/2025/09/producao-de-commodities-no-brasil-e-concentrada-e-desafia-logistica.ghtml>. Acesso em: 8 out. 2025.
Comentários